terça-feira, 22 de setembro de 2009

Bianca..




Monto ao meu modo cada pedaço da história, conto ao meu jeito, reinvento meus momentos. Tenho medo de passar despercebida ou ser foco de distração.
Clareio meus negritos, rasgo minhas películas.
Eu me vejo essa mulher cheia de parágrafos, mas desconfio das percepções alheias. Tenho medo de que pulem minhas linhas ou cheguem rápido demais ao ponto final.
Não sei virar páginas, ainda que tenha as minhas viradas todos os dias.
Só minha capa é dura, por dentro adoraria ser devorada.
Onde existo inteira é fantasia da minha mente: o mundo não me enxerga e tampouco eu através dele.
Sou um conto e nem sei se meu.
Me conte aí pra ver se existo.
E se eu calar, acabar, for chata ou impossível de ser lida até o final?
Eu bem arrumada e escovada desfilo simplesmente: às vezes o enrredo é tão superficial que nem eu quero saber meu final.
Sou conto, não sou mulher.
Sexy como uma mulher nua em revista.
Interessante como entrevista.
Seria eu fútil como fofoca?
Prolixa como notícias que são sempre iguais…
Sou breve na vida das pessoas, pois em essência sou engraçada, leve e de mentira como uma crônica.
Sou três pontinhos, exclamação e interrogação. Tudo junto. Para os mais corajosos.
Sou mistério: sofrido, complicado e melhor deixar para lá.Mas sempre uma pulga atrás da orelha de quem lê. No que vai dar isso tudo?
Na minha orelha, você leria: menina que não sabe se existe, sabe que ama, mas não sabe o quê, o porquê e até quando.
Sabe que é amada, mas faz de conta que não, porque é um livro de faz de contas.
Sabe que é feliz, mas faz de conta que não, para ser drama.
Complica tudo para transformar a vida num livro de aventuras.
Não sou auto-ajuda, porque quem pensa ter as respostas vive preso a elas.

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