quarta-feira, 18 de novembro de 2009

enquanto isso no banheiro feminino


Eu sou uma mulher desconfiada, so feita de sangue,pulsar de veias, arterias, volupia. Sou uma mulher com palavras penduradas na ponta da língua, com sentimentos transbordando pelos poros e com desejos direcionados aos alvos que quero alcançar. Não conseguiria ser de outro jeito e, por isso, sou desconfiada. Desconfio da serenidade perpétua e estática das que repousam solenemente as mãos sobre o nada.Duvido do sorriso sempre constante e da suposta alegria que parece fazer morada em bocas que nada dizem. Não acredito no excesso de doçura pegajosa. Não suporto elogios de quem, na verdade, não sabe ir muito além de uma tentativa de cópia de categoria duvidosa daquilo que sou, daquilo que escrevo, daquilo que penso, daquilo que dou.Não consigo imaginar a vida cor-de-rosa posta diante dos meus olhos. Talvez porque eu seja tempestade. E também porque talvez seja a bonança pós-chuva, vislumbrada no final das quinze cores, misturada à dor e à delícia dos sonhos secretos que de tão secretos não me contam quando sonhados. Sim, quinze cores.
Sou uma mulher que tinge a vida com quantas cores quiser.
Não posso conceber uma mulher sem uma porra na boca de vez em quando. Assim, com duplo sentido mesmo. Sou de muitos sentidos, uma infinidade deles, todos desaguando num leito de lençóis de linho amassados pela espera.
Não quando posso soprar calmaria em forma de palavras obscenas no ouvido adestrado a entender meu canto.
Abomino a exposição das lamúrias, os pedidos velados de piedade e a falsidade explícita daquilo que não se é.
Desconfio do olhar delineado, do cabelo impecável e da boca contida.
É contra meus princípios acreditar na mentira forjada de uma Barbie de plástico, sem vida, suor ou lágrimas, que mora num lugar de faz-de-conta e vê, escondida, vidas passarem na sua frente, escolhendo a que melhor lhe cabe nos seus dias vazios.
Só uma coisa me irrita mais ainda: criaturas desprovidas dos mais elementares componentes de um cérebro saudável e que sonham ser um Ken.
Sou uma mulher que gosta de palavras, batons, vestidos, língua e munições o restante e desperdicio de veneno..." ( Cassia Eller ou Bianca? rsrsrs)

E ja como diria ele mesmo Pablo Neruda:

..Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas pernas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário